11/04/2008

Pessoas

Há uns dias venho evitando as pessoas, caindo no clichê de que são (realmente) deveras cansativas. E esvaio-me na hipótese de uma vida onde exista eu. Eu sendo minha companhia, minha melhor companhia. Meu amigo. Meu amor. Caio na realidade e encaro que não é possível viver só. Até que é possível, tendo em vista a sanidade. Ou a falta de sanidade. Sempre no meio de devaneios e indagações. Gostaria de tratar a vida como ela parece querer me tratar. Não necessariamente do jeito que eu realmente aprecio, mas nem sempre (leia-se: quase nunca) conseguimos tudo que queremos. Apesar de que, contraditoriamente, consigo bastante do que eu quero. Por vezes não da maneira que eu quero, mas ainda assim o fato em si. E creio que seja uma realidade comum a tantas pessoas, porque não me vejo com nenhum aspecto que me faça ser ou me sentir melhor do que alguém para estar obtendo regalias. E claro, caindo sempre num paradoxo imensurável, retorno a dizer o quanto evito as pessoas, mas, ao mesmo tempo, as quero. Não as pessoas que nada me acrescentam à vida. Quero pessoas que me ajudem a cada dia escrever um capítulo a mais no livro da vida. Como o ditado diz, a vida é um livro em branco, escrito à caneta, sem borracha ou corretivo. E ainda analogicamente falando, escrever capítulos grandiosos, com instigantes histórias, com um conteúdo pragmático e voraz, não deixando de ser, por vezes, inócuo e insensível, porque nem sempre de bons sentimentos são feitos os melhores momentos da vida. E eu, por experiência, digo: são tantas as vezes que capítulos na vida são finalizados (com um final bem legal) por pessoas que você jamais imaginara que dariam aquele quê à história. Pessoas evitadas por outros, aceitas por vocês. Pessoas que nada acrescentam a outros, mas acrescentam à você. Pessoas que eu evito, pessoas que eu procuro. Pessoas que eu confio. Pessoas. Sempre nesse meu dilema intrinsecamente pessoal e singelamente único. Pessoas.

09/04/2008

As facetas de 1808

[Apenas uma redação escolar.]


Indiscutivelmente, a história do Brasil é um tema amplo que, sem dúvida, provoca paixões e inúmeras discussões entre a população, devido à extrema riqueza em controvérsias. Controvérsias essas que ficam claramente ilustradas quando nos referimos, principalmente, à tão debatida vinda da Corte de Portugal para o Brasil em 1808. Ironicamente, neste ano, comemora-se (ou lamenta-se) os duzentos anos dessa “passagem” portuguesa pela nossa “pátria amada”. Uma duradoura estadia que se concretizara quando Dom João (não ainda VI), príncipe regente e futuro rei, com o intuito de fugir das tropas de Bonaparte, desloca a Corte Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro. Uma simples mudança que viria a acarretar profundas transformações políticas, econômicas e, principalmente, culturais na colônia Brasil.

Muito se especula hoje em dia, por muitos, o fato de que D. João (trans)formara positivamente o Rio de Janeiro, deixando um legado e uma marca indelével na cultura e na construção desta nação.
É indubitável que devemos ao príncipe regente grandes obras e projetos deixados. Academia Brasileira de Belas Artes, Teatro São João, Jardim Botânico, Biblioteca Nacional, Banco do Brasil, importantes escolas e liceus, festividade carnavalesca... São apenas algumas das grandes heranças a se citar. Tais heranças são tão ovacionadas por uma grande parte dos brasileiros que os fazem chegar à conclusão de que essa vinda da Corte Portuguesa fora a melhor coisa que acontecera à admnistração do Brasil desde o seu “descobrimento”.
Porém, não encontramos todo esse encômio sobre a vinda do regente no discurso de todos os brasileiros, digo, todo esse “beija-mão” não é algo a se generalizar. Há uma grande parte da população brasileira, incluindo-se vários historiadores, que não vêem tanta bondade e heroísmo assim na figura do regente. Eu, inclusive, me identifico com essa "massa de oposição". Penso que, apesar de ter contribuído para o Rio de Janeiro em vários aspectos, nos deixando um legado extraordináro, D. João o fizera não por simples simpatia à colônia, e sim pelo maior conchego da própria corte portuguesa que, agora, se instalara naquelas terras, ou seja, nada disso se deu por um caráter benevolente de D. João para com a colônia, e sim como consequência das tentativas de melhorar a acomodação da própria Corte Portuguesa. Podemos dar, como exemplo disso, o primeiro ato de D. João ao chegar ao Brasil, que fora a abertura dos portos às nações amigas (entenda-se Inglaterra), que, por sua vez, ajudou muito no desenvolvimento do país. Todavia isso só fora realizado devido a exigência feita pela própria Inglaterra em troca da escolta da Corte Portuguesa ao Brasil, ou seja, por puro proveito particular português.
D. João não apenas seguiu suas aspirações. Após sua volta para Portugal, nossa economia se viu completamente abalada, devido ao fato de o príncipe regente ter “limpado” os cofres do Banco do Brasil, deixando o país em sérias dificuldades, às vésperas de sua independência, o que comprova o total desmazelo de D. João para com o Brasil.
Uma pergunta crucial sobreve em nossa mente: “Por que então essa vinda da família real, mesmo sendo parcialmente negativa, é tão bem vista pelos olhos do brasileiro?”. Uma pergunta intrigante, porém com uma resposta bem simplória. O que acontece é que os meios de comunicação omitem os aspectos maléficos da vinda portuguesa, enfatizando apenas os grandes legados presentes nos dias atuais, assim tornando o ano de 1808 uma data ilusoriamente celebrativa.

Finalmente, podemos inferir que a vinda da Corte Portuguesa ao Brasil é um assunto bem polêmico e que pode vir a trazer inúmeras interpretações e divergências de opiniões. Todavia, uma coisa é certa e comum a todos os pensadores: o ano de 1808 dimanou em mudanças que, com certeza, têm seus reflexos presentes, ainda, nos dias de hoje. Sejam elas positivas, sejam negativas. E, mesmo que não seja algo crucial para nossa sociedade atual, a presença portuguesa no país é um assunto que vai continuar a ser discutido pelos próximos 100, ou quem sabe, até 200 anos.