12/10/2008

Estudantes querem voz (II)

Eis aqui uma redação feita por mim para uma avaliação escolar e cuja proposta não me lembro bem, mas girava em torno da questão dos novos movimentos estudantis. E o gênero era obrigatoriamente blog.
Quero, então, antes de mais nada, também me desculpar pelo formato clichê do gênero pedido :P


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Caros amigos, peço desculpas por ter ficado tanto tempo sem postar. O motivo muitos sabem. Estava marcando presença no manifesto na UnB. E já que estou sem outra coisa para vos falar hoje, vou comentar aqui um pouco sobre o protesto feito.
Estava eu fanfarreando desde o primeiro dia. Era uma manifestação modesta a princípio. Não apostava muitas fichas naquilo. Confesso que, de início, me aderi pela baderna. Aquela miscelânea me incitava. Mas... com o passar dos dias, com o movimento ganhando massa e, principalmente, divulgação, fui amadurecendo meus princípios ali mesmo, em meio à zorra. Nascia um sentimento forte clamando por justiça dentro de mim. Uma adrenalina revolucionária inexplicável corria em minhas veias. Me vinha à cabeça imagens do belíssimo movimento estudantil de 68, que vira antes em documentários.
É claro que as causas de outrora eram outras e mais sérias (tinham inimigo externo e causa política). Mas que culpa temos? O que importa é que estávamos ali, reivindicando nossos direitos estudantis, fazendo valer nossa voz, nosso coro. Assim como há tempos atrás. Mas deixemos esta parte para depois.
Quero, ainda, expressar aqui minha aversão àquele descarado do reitor Mullholand. Como pôde desviar tanto dinheiro?! Quase meio milhão de reais, da verba de pesquisa da universidade, para reformar sua cobertura... conta-me outra! E ainda dizem que nosso movimento cheirava à futilidade. Compartilhas da mesma opinião? Reflita só o quanto poderia ser investido na universidade com todo este dinheiro! E ainda se julgaram no direito de impor-nos uma multa de mil reais (!) por hora de ocupação, e cortar-nos água e luz. Claro, muitos desistiram por medo de se complicarem judicialmente, mas a grande resistência continuava lá. Me orgulho de ter feito parte daquilo. Era emocionamente ver aquele bando de desconhecidos entre si, unidos por um mesmo fim, com um coro de eriçar os pêlos: “Ocupa, ocupa, ocupa e resiste!”
Não pretendo alongar muito essa descrição, pois tenho receio de que isso fique grande o suficiente para não ser lido. Mas queria, antes de finalizar o post, acrescentar algumas outras palavras.
Vivemos hoje, em uma época de uma sociedade morta que, simplesmente, se acomodara à triste realidade. Violência e corrupção se tornaram coisas corriqueiras... não mais se luta por melhorias. Mais do que o afastamento do nosso reitor, acredito que este nosso movimento tenha tido um significado maior. Demos, além de tudo, um tapa na cabeça dos jovens de hoje, para que acordem e percebam que juntos, podemos fazer a diferença. Juntos podemos sim fazer com que nossas reivindicações sejam aceitas, com que nossa opinião seja escutada. Então acordemos. Não deixemos que corruptos nos omitam o destino do dinheiro público. Não permitamos que corruptos nos roubem o direito de uma educação melhor.
Quero, ainda, deixar algo bem claro. Estamos sendo chamados, ironicamente ou não, caras-lavadas. Não sou muito favorável a essa rotulação, mas chamem-nos como quiserem. Todavia saibam que jamais tivemos o propósito de sermos comparados aos históricos caras-pintadas. Até mesmo porque “em cada etapa da história, o movimento estudantil tem um papel e uma forma de se manifestar”, como diria o ex-líder estudantil e ex-ministro cassado (irônico, não?) José Dirceu.