07/05/2009

ENTREVISTA ARTHUR TADEU CURADO

ARTHUR TADEU CURADO:
UM ATOR QUE DIRIGE, ESCREVE. AH, CLARO, TAMBÉM ATUA.

A internet surge como um divisor de águas, inclusive no âmbito jornalístico. Recebi a sugestão de Patrícia Marjorie para entrevistar Arthur Tadeu Curado, por uma mensagem no Twitter, rede social que interliga os pensamentos e ações dos integrados à rede. Logo então, marquei a entrevista, de forma simples e rápida: por e-mail. Combinamos de nos falar às 16h, quando ele já estivesse no Casa D’Itália, na 208 Sul, em Brasília. No horário marcado, a ligação aconteceu. Com disponibilidade e prontidão, Arthur Tadeu Curado, 27, diretor de teatro, ator e dramaturgo, me atendeu e falou sobre sua vida, suas peças e sobre os anseios e vontades metidos no meio disso tudo. Mostrou ser um profissional dinâmico e, além de tudo, determinado. Atualmente mora em Brasília, mas já morou na Nova Zelândia e no Rio de Janeiro e, antes do teatro, estudou por um tempo Comunicação Social. Conheça o que foi possível descobrir de Arthur Tadeu Curado nos 28 minutos de entrevista concedidos por telefone na tarde de quarta-feira, dia 6 de maio de 2009.


Por Lucas Soares

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Foto por Raphael Herzog

Onde foi que você nasceu?
ARTHUR CURADO: Nasci em Brasília, mas aos 17 anos fiz intercâmbio, indo para a Nova Zelândia. Voltei para o Brasil, fui morar no Rio de Janeiro e somente cinco anos depois de estar fora de casa voltei para Brasília.

Você se graduou pela Casa das Artes de Laranjeiras – CAL, no Rio de Janeiro. O que te fez deixar Brasília para estudar teatro fora?
ARTHUR CURADO: Eu estava num momento da minha vida, querendo experimentar outras coisas. Ainda era moleque, tinha 19 anos. O intercâmbio foi uma experiência muito intensa. Quando voltei tive um pouco de dificuldade para me adaptar à minha casa e à cidade de Brasília. Eu tinha sido aprovado no vestibular da Universidade de Brasília (UnB), para o curso de Comunicação Social. Mas, mudei de ideia, queria outra atividade. Decidi fazer teatro e fui em busca da melhor escola do país: fui para o Rio de Janeiro.

Você já dirigiu, atuou e escreveu dez peças teatrais diferentes. Como você se enxerga perante o mercado teatral hoje em dia? Que tipo de profissional você acha que seu perfil se encaixaria?
ARTHUR CURADO: Tem gente que me chama de multimídia. Eu sou um ator. Minha formação é em Artes Cênicas. Então costumo dizer que me considero um ator; um ator que dirige, um ator que escreve, mas um ator.

A partir de suas experiências, qual a maior dificuldade enfrentada pelo teatro nacional hoje? Em Brasília isso é diferente?
ARTHUR CURADO: O teatro é muito suscetível às crises econômicas. Eu perdi vários patrocínios da minha nova peça por causa da crise mundial atual. Sempre que acontece algo do gênero, a primeira coisa que as pessoas cortam é o lazer – e eu entendo. Por mais que tentemos fazer um espetáculo mais barato, o lazer é sempre deixado de lado. Ficamos na corda bamba sempre que o país entra em recessão. Em Brasília, apesar do atraso no incentivo, o patrocínio, ligado ao trabalho de qualidade, acontece de forma mais fácil. Não que seja mais fácil, mas se torna mais fácil. E tem o público. Você cativa o público e a partir de então tudo o que você faz esse público vai assistir. Assistem por ser você que está fazendo, por te conhecerem.

O texto de Dois de Paus foi selecionado pelo Projeto Palco Giratório Brasil, sendo o único selecionado em âmbito brasiliense. Como foi a experiência? Você acha que a temática da peça influenciou em alguma parte da decisão?
ARTHUR CURADO: Acho que a temática influenciou. A temática, o sucesso. Nunca na história do Projeto Palco Giratório aconteceu de uma peça ter sessão dupla como ocorrido com Dois de Paus. E isso se deu devido ao espetáculo, à maneira de condução da peça. Mais de 40.000 pessoas assistiram ao nosso trabalho. Ter transformado a peça em romance, cinema, conhecer o país [a turnê passou por 40 cidades] e poder mostrar meu trabalho foi muito gratificante.

Você viajou por 40 cidades brasileiras apresentando Dois de Paus. Em alguma dessas cidades você ou Sérgio Sartório, parceiro em cena, enfrentaram algum tipo de preconceito pelo texto da peça? Como era a reação das pessoas ao espetáculo?
ARTHUR CURADO: Na verdade não, não enfrentamos problemas com preconceito. A gente teve, em algumas cidades, um certo incômodo da plateia, ao ver uma relação homoafetiva ser tratada de maneira tão normal. Como a gente era a única opção de cultura de algumas cidades de interior, por exemplo, as pessoas iam assistir à peça sem saber do que se tratava, sem nunca ter lido nada sobre, sem entender o trocadilho simples do título do espetáculo. A gente não teve problemas, mas sim uma estranheza, porque, querendo ou não, a história é muito urbana, trata de relacionamento que se inicia no meio virtual, com um linguajar de cidade grande.

O homossexualismo é um tema forte, mesmo neste suposto mundo cosmopolitano que vivemos. Qual a sua visão perante o assunto e a importância em discuti-lo?
ARTHUR CURADO: Na realidade eu acho que o assunto deve ser tratado de forma simples e sem tabus. Eu acho que é importante discutir todos os temas, quebrar preconceitos. É sempre válido. Muita gente veio falar depois da peça que nós os ajudamos a encarar a realidade de forma diferente. Ouvi depoimentos de mães dizendo compreender melhor os filhos depois que assistiram ao espetáculo. Muitos gays comentaram que, depois da peça, passaram a expressar seus sentimentos em público, sem o receio de antes. A peça nunca teve a intenção ou pretensão de quebrar barreiras. Mas, conseguimos. E isso é bom.

Como surgiu a ideia de escrever Dois de Paus?
ARTHUR CURADO: Em 2004, quando escrevi, passei por um exercício dado em sala de aula por uma professora. Precisávamos escrever uma história de amor sobre um casal. Escrevi. Era um homem e uma mulher, A e B. Nem nomes eu tinha dado. Quando chegamos em sala para discussão dos textos, concordamos que minha história poderia girar em torno de um casal homoafetivo. E então a ideia foi colocada em prática, gerando o texto da peça.

Vocês fizeram Dois Perdidos (2003), com texto inspirado em texto de Plínio Marcos e direção de Rachel Mendes. O que você achou da adaptação para o cinema feita pelo diretor José Joffily, com Débora Falabella e Roberto Bomtempo interpretando Paco e Tonho?
ARTHUR CURADO: O filme foi lançado na mesma época que estávamos viajando em turnê com a peça. O diretor do filme pediu para que a gente participasse de um debate, na época, sobre o filme, mas negamos. Ainda estávamos em cartaz com a peça e não queríamos assistir ao filme para não recebermos nenhuma influência. Depois de um tempo assisti. O filme faz uma boa adaptação do texto teatral para o cinema. Os principais pontos da peça estão lá. Transpor uma coisa em diálogos para um roteiro de cinema é uma viagem totalmente diferente. Eu achei muito bom, principalmente o roteiro.

Qual a relação que você enxerga entre as trilhas sonoras e os espetáculos que você se vê envolvido?
ARTHUR CURADO: Eu escolho a trilha. Quando escrevo o texto, já escrevo com a sugestão da música. Não que o diretor precise cumprir, mas eu já escolho antes. Eu penso a cena com uma música. Sou muito musical. Eu só amadureço as ideias durante o processo de ensaio. Eu tive dificuldade com o “Complexo de Cinderela” e com “História Redonda Sobre o Nada” [agora sendo montado em Buenos Aires]. Acho que a música é um ótimo condutor. Coloco sempre os atores para ouvirem à trilha da peça, os coloco no clima da produção para terem as sensações. Mas, eu uso pouca música, uso-as pontualmente. É trabalhoso, mas divertido de escolher.

O que você já pensou em fazer no palco que não deu certo? Existiu algum momento em sua carreira onde você decidiu jogar tudo pro ar?
ARTHUR CURADO: Não, agora não, teve uma situação antes de começar a vida profissional. Comecei a fazer teatro aos 7, 8 anos. Aos 15 fiz amador. Foram experiências legais. Quando fiz meu intercâmbio, me vi envolvido com publicidade e ao mesmo tempo teatro. Desisti da publicidade. Quando comecei mesmo como profissional, que considero ter sido aos 22 com “Dois Perdidos”, não tenho nenhum momento onde tenha jogado tudo pro alto. Tive erros sim, erros dramatúrgicos, erros de escolha de atores, de cenários. Mas coisas que fui aprendendo ao refazer. Como sou eu quem escreve normalmente os projetos que estou envolvido, então tenho a sorte de poder consertar, modificando o que não ficou bom.

Patrícia Marjorie, uma das atrizes de sua peça, já participou de outras montagens teatrais que você esteve envolvido. Como é trabalhar com pessoas que estão ou já estiveram ligadas ao seu trabalho?
ARTHUR CURADO: É ótimo. No teatro a gente precisa de parceiros sempre. E eu já encontrei bons parceiros. O Sérgio [Sartório], a Andréa Alfaia, que escreveu meu monólogo, e a Patrícia Marjorie, que é minha atual parceira. Ela tem sido minha assistente de direção, coordenado a produção, parceira de cenas. Gosto muito de trabalhar em duplas. Nossa equipe tem 28 pessoas trabalhando pro espetáculo funcionar. A Patrícia é uma atriz que se formou na UnB e não tínhamos trabalhado juntos. Concorremos aos mesmos prêmios, inclusive ao Palco Giratório Brasil. Mas, nos reencontramos e temos feito quase tudo juntos ultimamente.

Em recente entrevista [à Thales Sabino], você declarou que “Deveriam existir menos atores despreparados”. Em sua nova peça você está dirigindo duas atrizes que carregam grandes trabalhos e tempo de carreira. Como você encara isso?
ARTHUR CURADO: Eu acho ótimo trabalhar com gente que já tem história, que já tem prêmios nas costas, que já fez espetáculos ótimos. Mas existem muitos atores despreparados e isso acaba assustando a plateia e queimando a classe inteira. Então, minha declaração se trata disso. Os atores devem estudar, devem ter experiência para trabalhar mais e não pagar mico no palco. Não é uma crítica aos atores em geral. Os atores novos da nova montagem de “Dois de Paus” que estou fazendo são jovens, 20, 21 anos. Mas têm história. Já carregam uma bagagem, são estudados. Claro que aos 21 você não tem condições de ser o melhor ator do mundo, mas a experiência com eles está sendo bem legal. Eles mostram muita vontade de fazer o espetáculo – que estreia dia 8 de Agosto.

Qual a maior dificuldade que você encontrou com a nova montagem de “Complexo de Cinderela”, que estreia no dia 8, em Brasília? Qual sua maior expectativa?
ARTHUR CURADO: A maior dificuldade é que eu finalmente superei o complexo. As pessoas perguntam por que mudo tanto as coisas, os cenários, a trilha, os atores, a iluminação. Eu estava amadurecendo a ideia, do amor idealizado. Fui crescendo, fui criando um entendimento maior sobre o tema, e agora eu brinco que eu superei. Eu brinco que só preciso achar o meio de campo, para poder estender o assunto a todo mundo, defendendo as pessoas através destas duas personagens [da peça]. Como eu superei o assunto, esta deve ser a última versão da peça e quero que dure seis anos, com a mesma formulação que estrearemos sexta. Sempre riem muito do espetáculo, e saem muito tocados ao mesmo tempo. Quero comunicar com as pessoas.

Qual o tipo de público que você pretende atingir com o novo espetáculo?
ARTHUR CURADO: Eu sempre me surpreendo. Sempre aparece gente de todo tipo. As mulheres, claro, se identificam mais, porque damos uma sacaneada nos homens.

Muita gente resume o teatro brasileiro em Nelson Rodrigues. Quando muito, fala-se de Stand-Up Comedies, em alta no Brasil e peças sem vigor artístico, dramático. Quais os nomes do cenário teatral brasileiro que, pra você, foram e são importantes?
ARTHUR CURADO: Não vou citar os antigões, por serem óbvios, mas, no início da minha carreira eu fiz Nelson. Já está datado. Em Brasília temos Adriano e Fernando Guimarães, com conhecimento e reconhecimento nacional e internacional e um trabalho estético interessante. A Fernanda Young, uma das melhores pessoas do teatro, apesar de bem recente ter estreado como atriz, é coisa boa para ser vista. João Falcão é um bom diretor, que me atrai muito teatralmente. Adriana Falcão escreve bem. Felipe Hirch, da Sutil Companhia, possui grandes métodos de adaptação de obras para o teatro. Mário Bortolotto, de Londrina, mas que mora em São Paulo, da Companhia Cemitério de Automóveis, vale a pena ser visto sempre.

E no cinema brasileiro, quais nomes valem à pena serem citados? No internacional, preferências?
ARTHUR CURADO: No [cinema] brasileiro eu tenho atrizes prediletas, como a Fernanda Torres: assisto tudo que ela faz. Respeito muito José Eduardo Belmonte, porque escreve muito bem. Gosto de seus filmes, da maneira que faz. É meu cineasta brasileiro preferido. Gosto de muita coisa, como os clássicos [Pedro] Almodóvar, Woody Allen, Gus Van Sant [em âmbito internacional].

Um livro de cabeceira atual?
ARTHUR CURADO: Eu tenho lido “Cartas Para Alguém Bem Perto”, da Fernanda Young. Não é nem o último dela, mas é o que eu estou lendo.

Último filme visto no cinema?
ARTHUR CURADO: A última coisa que assisti no cinema foi Divã, com a Lilia Cabral. Ela é sensacional, assisto gratuitamente. Já tinha assistido à peça, gostei.

Contato:
Arthur Tadeu Curado - arthurtadeucurado@gmail.com
Site da peça "Complexo de Cinderela" - site da peça

05/05/2009

MATÉRIA SOBRE O TWITTER

TWITTER: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? PENSANDO? QUERENDO? TRAMANDO? ODIANDO? ASSISTINDO? AMANDO?

 

Entenda o que há por trás da “twittosfera” e saiba como os twitters brasileiros utilizam o serviço, disponível na internet desde 2006.

 

Por Lucas Soares

 

O Twitter é um sistema de microblog que surgiu em meados do ano de 2006, criado por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams. A ideia inicial do site era bem simples: seus usuários deveriam responder à questão “O que você está fazendo?”, informando assim seus “seguidores”. Mas hoje, três anos depois, as coisas funcionam de uma forma ligeiramente diferente.

 

O sistema de microblog é uma forma de se expressar pela internet com uma limitação de caracteres. “Essa limitação de caracteres faz com que o usuário busque na criatividade a melhor forma de expressar o que está querendo passar em sua mensagem”, informa Williams, um dos criadores do Twitter, em entrevista ao The New York Times. A limitação de cada mensagem no Twitter é de 140 caracteres por tweet, nome dado a cada postagem no site. E cada um desses tweets traz em sua essência um tipo de mensagem.

 

Os conteúdos dos tweets que os usuários do Twitter enviam são variados. Cada mensagem dessas pode ser um desabafo, ou a divulgação de algum produto ou serviço, ou ainda uma frase interessante, um link com conteúdo, dentre outras milhares de possibilidades, dentre elas, claro, a simples resposta à questão original do sistema. O paulista João Godoy (jaumgodoy), 26, vlogueiro e usuário do Twitter há cinco meses, comenta que vê o site como “sua voz” na web. “Não conta apenas quem você é, mas sim o que você diz e pensa. É um grande mural”, completa ele.

 

Seguindo pessoas

Muitos dos usuários do Twitter não sabem responder à seguinte pergunta: “Qual a utilidade do Twitter?”. Alguns se perdem na explicação ou então comparam o site a sites de relacionamento como o Orkut e o MySpace. E não é bem assim. É uma rede social, porém o objetivo é diferente. “Dentre as redes sociais, acho o Twitter a mais útil e diferente porque ele é basicamente um ponto de troca de informações. O fato de você poder escolher que conteúdo receber e quem recebe o que você envia, faz do Twitter uma ferramenta mais prática e seletiva do que o Orkut ou o Myspace”, conta Igor Appolinário (garotobipolar), 24, de São Paulo, formando em Biologia.

 

No Twitter você não adiciona pessoas e sim as “segue”. Quanto mais gente você segue, mais mensagens na sua página inicial você recebe e mais possibilidade de contatos. Talles Henrique Lima (tallesh), 22, estudante de Letras/Inglês pela Universidade Federal de Goiás, comenta a correlação que enxerga entre o site e seu curso. “[o Twitter] pode me servir de material de pesquisa para análise textual, análise do discurso e pesquisas voltadas para a área da linguística. Poderia, por exemplo, fazer um trabalho de pesquisa voltado para o "internetês", para os estrangeirismos e o porquê de muitos usuários mixarem português com inglês em seus tweets, e por aí vai”.


O poder viral do Twitter

Desde que o Twitter passou a ser utilizado por um número maior de usuários, percebeu-se que o site tem um poder viral muito grande. Desde a Campanha Presidencial do então presidente norte-americano Barack Obama, os administradores do Twitter têm tido problemas com a situação de hospedagem do serviço e já tiveram várias reuniões sobre o fechamento do site - todas negativas até então. Susan Boyle, 47, talento britânico descoberto pelo Britain’s Got Talent, uma espécie de American Idol da Inglaterra, virou sensação entre os twitters do mundo inteiro. Desde a apresentação da escocesa, no último 12 de abril, até o presente momento, foram mais de 450.000 menções a ela em tweets, segundo dados informados pelo site de estatísticas do próprio serviço de microblog.

 

Alisson Xavier (aaallisson), 21, brasileiro que reside em Nova York desde os 12 e trabalha na Apple Store, agradece a este poder viral do Twitter. “Eu fui a um show aqui em Manhattan e meus amigos não conseguiram ingresso. Cheguei lá, twittei que estava no show e logo arrumei amigos novos”, comenta. Alisson ainda fala sobre a campanha que o ator Ashton Kutcher (aplusk) e Oprah Winfrey (oprah), apresentadora de programa homônimo, lançaram nos Estados Unidos. Os astros falaram sobre suas contas no Twitter num programa da apresentadora e Ashton, dono do Twitter mais seguido da “twittosfera”, doou U$100 mil dólares para o combate à malária, divulgando também a causa em sua página.

 

A estudante paulista Juliana Ambrosio (juh1988), 20, acredita que “no Twitter as pessoas estão interessadas na vida alheia mesmo”. Juliana complementa dizendo não gostar do sensacionalismo [que algumas celebridades fazem]. “O Twitter é legal, mas é falho ao mesmo tempo. É cheio de bugs e quando você precisa de assistência, ninguém da staff te ajudará”, justifica ela revoltada. Raquel Sacheto (rsacheto), 39, professora universitária em Brasília, afirma que “[o Twitter] pode ser muito rico e interessante se a pessoa souber garimpar informações e usuários.”

 

O Twitter vem abrindo grandes discussões na mídia e ganhando espaço na imprensa nacional e internacional. Ganhou uma capa da revista Época (mar/2009), reportagem especial feita pelo Fantástico (abril/2009) e um grande espaço no caderno de Informática do Correio Braziliense (abril/2009). Outros jornais impressos brasileiros como a Folha, O Globo e o Estadão também já fizeram várias menções ao serviço de microblog. Jornais como The New York Time e Washington Post também cederam espaço para divulgação do Twitter em âmbito internacional.

 

 

TWEETS FAMOSOS: A POPULARIZAÇÃO DO TWITTER NAS MÃOS DAS PERSONALIDADES

A popularização do Twitter atraiu os olhos de algumas celebridades. Muitas delas, oficialmente, utilizam o serviço de microblog. Ashton Kutcher, 31, e sua esposa, Demi Moore, 44, já foram alvo da imprensa por causa do site. Ashton publica em sua página desde fotos da intimidade do casal até vídeos que julga interessantes. Já Demi é mais reservada, usando o Twitter somente para comunicação com os fãs e amigos. Um dos ícones da música pop mais conhecidos, Britney Spears, 27, também tem seu perfil no site, mas não é atualizado por ela e sim por uma equipe responsável. O mesmo acontece com a página do presidente norte-americano Barack Obama.

 

A apresentadora Oprah Winfrey, 55, precursora de uma das vertentes de popularização do Twitter nos Estados Unidos, fez recentemente um programa especial sobre o site. Alisson Xavier, morador de Nova York, declara: “Fiquei emocionado pela apresentadora dar importância ao tema, mas ao mesmo tempo assustado quando minha mãe perguntou se eu poderia fazer uma conta para ela, porque a Oprah estava usando”.

 

Lily Allen, 24, cantora inglesa, também se comunica com seus fãs através do site de microblog e recentemente fez uma espécie de caça ao tesouro em sua página. Seus fãs tinham o dever de procurar ingressos de shows que estavam escondidos pela cidade de San Diego. Para isso, twittava com pistas e respondia aos fãs com dicas e comentários. A cantora se divertiu muito, como disse em seus tweets seguintes à brincadeira.

 

A professora universitária Raquel Sacheto diz que não vê problemas na utilização do serviço por personalidades, mas se sente um pouco irritada. “As postagens deles passam a impressão de que não são de sua autoria e isso, essa pseudo-realidade, me irrita um pouco”, conta.

 

No Brasil, o Twitter também já faz parte da rotina de alguns nomes famosos. A atriz e cantora Marisa Orth, 45, twitta sempre que pode, sendo simpática e atenciosa com seus fãs e “seguidores”. Outro nome brasileiro é Rodrigo Scarpa, 28, o “Repórter Vesgo”, sempre atualizando seu perfil com piadas e acontecimentos de seu dia a dia. Rafael Bastos, Marco Luque, Marcelos Tas, Felipe Andreoli e Danilo Gentilli, todos integrantes do Custe O Que Custar, possuem contas e fazem “tweets” diários.

 

O FRENESI DA TWITTERMANIA: SITES, SERVIÇOS E APLICATIVOS PARA SE USAR EM CONJUNTO COM O SERVIÇO DE MICROBLOG

Como tudo que faz sucesso no mundo, o Twitter tem seus vários agregados de serviços oferecidos para serem utilizados em conjunto com o site. Um dos sites mais utilizados pelos twitters é o TwitPic.com, serviço que oferece ao usuário cadastrado no Twitter a possibilidade de hospedagem de imagens para postagem direta no site. Outro serviço que faz sucesso entre aqueles preocupados com os acessos que seus perfis têm é o TwitterCounter.com. O site disponibiliza gráficos, números, médias e projeções de seus “tweets”, “followers” e “following”. Outro site que atrai bastante os usuários por oferecer serviços de gráficos interessantes é o TweetStats.com.

 

Além de sites, o Twitter conta com vários não-oficiais aplicativos criados por usuários, programadores e criadores freelancers. A função de aplicativos mais usada é a de postagem remota, mesmo que no computador. A forma de twittar mais comum é a direta no site do Twitter, pelo site Twitter.com. Mas, muitos usuários preferem agregar ao navegador que utiliza uma janela para postar seus tweets sem a necessidade de acessar o site. Os mais comuns são o TwitterFox e o TweetDeck.

 

Há também aquelas ferramentas cujos objetivos não são tão fiéis a algum propósito, como as postagens oferecidas pelo Blip.fm. Você se cadastra no serviço e “cria” uma playlist ou seleciona um trecho de música pra ouvir; logo em seguida é enviado um tweet para seu perfil informando o que você escolheu para seus seguidores. Na mesma linha deste, utilizando uma terceira conta em conjunto com o Twitter, os seguidores do lastfm_love têm suas ações postadas no Twitter também, automaticamente, utilizando o serviço oferecido pelo site Last.fm.

 

E a última sensação que os twitters vivem é a de poderem comprar perfis pelo site Buytter.com. A ideia é simples e prática: compre perfis de toda a “twittosfera”; a cada recompra de perfis que você tenha comprado, seu dinheiro é devolvido com um acréscimo proporcional à quantia que a pessoa vale.

 

Confuso? Na prática nem tanto.

 

 

CORRELACIONANDO PROFISSÕES E O TWITTER

Através da pesquisa e análise de 1120 perfis na twittosfera, foram identificadas profissões e sexo dos twitters. Dos perfis analisados, 102 são jornalistas. Um dos intuitos primordiais do Twitter foi o de agilizar a transmissão de mensagens entre o emissor e seu público. Talvez, por isso, a classe seja tão ativa. Logo atrás dos jornalistas, 94 estudantes de vários cursos e ensino médio, 90 professores e 58 publicitários. Profissões ligadas à informática (webdesigner, técnico de computação e programador) somam 48. Os designers, logo atrás, totalizam 40. Pessoas ligadas às artes (Artes Cênicas, Dança) dão um total de 30 pessoas. Engenheiros, advogados, bancários, economistas, ocupam o espaço de Outros, no gráfico abaixo.

A educadora Vanini Lima (jurasecreta), 26, acredita na correlação do Twitter com sua profissão e seu ambiente de trabalho. “Sou educadora, mas na realidade trabalho com inúmeras tarefas. Procuro compartilhar informações, pois esse é o princípio, fornecer os meios para que as pessoas possam se desenvolver, aprender, crescer, evoluir. Quando estou pesquisando algum tema para minhas aulas, sejam de história ou de informática, sempre compartilho meus achados”, declara. “As possibilidades são amplas e o serviço de microblog permite a ampliação de acordo com minhas preferências”, finaliza.

 

Com uma visão diferenciada, o escrituário (e formando em Biologia) Igor Appolinário (garotobipolar), 24, defende que o serviço de microblog não é tão útil para a execução do seu ofício. “Em essência, o microblog não tem muita utilidade para minha vida profissional, mas creio que tem grande potencial para alguém que queira fazer um trabalho de campo e tenha acesso à conectividade, para uma comunicação rápida.”

 

Alguns usuários do serviço utilizam seus caracteres para falar sobre o local de trabalho e, em geral, sobre seus chefes. Cuidado: há muito mais gente de olho em seus tweets do que você pensa. E qualquer deslize pode fazer você cair na velha e clichê frase: “Cale-se, pois tudo poderá ser usado contra você daqui pra frente”. A utilização do Twitter de forma correta pode adicionar valores e informações à sua profissão, pois você está em contato com vários profissionais de sua área, de toda parte do Brasil e do mundo. “Acesso as ferramentas para agregar dados à minha profissão, pois o serviço oferece dicas de estágios, projetos de estudos, propagação de notícias. E ainda divulgo o site que trabalho e um blog que mantenho com amigas”, conta Raquel Sacheto.

 

Dos 1120 perfis pesquisados e analisados, 58% são homens (ou 650 indivíduos). O que resta, então, 470 mulheres. A socióloga e pesquisadora de redes sociais Helia Assis (assishelia), 43, afirma que “os homens estão intrinsecamente ligados mais à tecnologia do que as mulheres, até mesmo por seus instintos ansiarem por estar em contato com mais gente”. A pesquisadora ainda afirma que os números, apesar da diferença, não significam muito, devido a hierarquia e a socio-democratização que a sociedade está desenvolvendo e já desenvolveu.

Todos os nomes em parêntesis durante a reportagem e matérias vinculadas são os nomes de usuários dos entrevistados. Para acessar seus perfis basta digitar o endereço Twitter.com/ o nome entre parêntesis. Os gráficos foram feitos por Francis Kinder (fhkinder), 21, estudante de Economia.